ntre as várias habilidades que as empresas têm requisitado, o pensamento digital se destaca. Com esse requisito, surge um desafio: como medir a maturidade digital de alguém em um processo seletivo ou no dia a dia de um negócio, antes de promover ou atribuir mais responsabilidades a essa pessoa?
Fiz essa pergunta para mais de 50 líderes. Todos os gestores com os quais conversei valorizam profissionais capazes de propor ideias, métodos e processos considerando soluções de tecnologia. Mas não existe uma resposta padrão sobre como medir a maturidade digital de uma pessoa.
Como um meio de nivelar o conhecimento da equipe, algumas empresas têm oferecido trilhas de aprendizagem com cursos técnicos relacionados à tecnologia e ao pensamento digital. Essas experiências, em geral, são mandatórias para determinadas áreas e contam com provas finais para checagem do que foi aprendido.
Outras companhias preferem aplicar assessments comportamentais para medir a propensão do profissional para a aprendizagem, a curiosidade, abraçar o novo e lidar com mudanças. Também fazem uma série de perguntas para mapear a capacidade do funcionário de lidar com problemas específicos e, nesse momento, identificar se a pessoa traz no discurso algo relacionado ao pensamento digital.
Uma percepção, porém, é unânime: esse pensamento é um fator essencial. Sobretudo pelo ganho de eficiência e de tempo que a tecnologia agrega ao negócio.
Todos os gestores que ouvi estão especialmente atentos aos profissionais que inovam dentro de suas áreas, questionam formas de otimizar a execução do trabalho, de agregar eficiência e inteligência ao dia a dia. Isso quer dizer que a responsabilidade de inovar deixa de ser somente do departamento de tecnologia, passando a ser uma mentalidade, um propósito e uma meta de todos.
Nos últimos anos, mudamos a forma de consumir produtos e serviços, fazendo grande parte disso via aplicativos. Seria muito estranho não pensarmos que a tecnologia também fosse gerar evoluções no trabalho.
Recentemente, estive no evento “Fórum do RH Digital”, promovido pela Soft Trade. Em um dos painéis, ouvi do Elton Moraes, que é professor do Insper, da Fundação Getúlio Vargas e da Fundação Dom Cabral, uma frase que achei bem verdadeira. Ele disse: “Não é a inteligência artificial que vai substituir as pessoas no curto prazo, mas sim uma pessoa com um bom conhecimento das ferramentas de inteligência artificial, que acabará sendo bem mais eficiente que seus colegas, vai produzir mais e pode causar a substituição de pessoas”. Na ocasião, ele também disse: “A tecnologia sozinha não faz nada. Quem faz são as pessoas na forma como utilizam a tecnologia. O ser humano ainda precisa estar no centro de tudo”.
Eu, particularmente, concordo plenamente com essas afirmações. A transformação vem por meio das pessoas. Ela vem da forma como esses indivíduos enxergam o mundo ao redor, buscam as melhores soluções e empregam tecnologia para melhorar o dia a dia de tudo que os cercam.
Aproveito o tema para deixar algumas sugestões de reflexão. De tempos em tempos, você tem parado para analisar as suas atividades no seu dia a dia? Alguma dessas atividades poderia ser otimizada? Será que não existe uma forma mais fácil de executar essas tarefas? Quais tecnologias poderiam ser utilizadas nessa otimização?
São exercícios práticos como esse que contribuem para desenvolver ou aprimorar o seu pensamento digital.