Por que as pessoas deveriam redescobrir o poder do silêncio
O bom comunicador é, antes de tudo, um bom escutador — dos outros e de si mesmo. Saiba como melhorar a capacidade de ouvir
doro propor nuvens de palavras nos workshops para ouvir e ter uma síntese visual do que as pessoas ali presentes pensam, esperam, sabem ou já praticam ao se comunicar nos mais variados contextos.
Curioso é notar a crescente valorização ou o reconhecimento da escuta para a eficácia da comunicação. Considero curioso — e quase paradoxal — por três motivos: primeiro, porque é comum relacionar uma pessoa comunicadora a quem fala bastante e é extrovertida, não a quem silencia e ouve; segundo, porque somos estimulados a sermos multitarefa, o que impacta a qualidade de presença, atenção e escuta. E terceiro porque comumente estamos em nossas bolhas sociais e virtuais, interagindo com pessoas que pensam, agem e falam mais ou menos como nós.
Ao mesmo tempo, fico com aquela ponta de esperança de que, enfim, as pessoas ressignifiquem sua relação com o silêncio, com a presença e a atenção plena. É um exercício grandioso e desafiador — digo por mim, como comunicadora e também professora da área.
Quão respeitoso é simplesmente ouvir o que a pessoa te conta, sem julgar ou já formular a resposta que dará na sequência. Quão revolucionário é estar no aqui e agora, diante de alguém (na tela ou presencialmente), sem intermediação de celulares e outros tantos estímulos que nos transportam para outra realidade. Quão ousado é reconhecer e dizer “desculpe, não ouvi o que você disse, pode repetir?” ou “não sei nem o que te responder agora”, entre outras tantas frases que realmente conectam, não apenas aquele “ahã” ou “entendi” que querem dizer “ok, termina de falar que eu tenho mais o que fazer”.
Mas basta me pedirem um passo a passo de como melhorar a escuta que aquela esperança adormece e me bate uma ânsia de querer responder, resolver, recomendar. Silencio esse sentimento, devolvo a pergunta para o grupo e, muitas vezes, vêm boas práticas e ótimos insights, que me enchem de alegria de novo.
De todas, recomendo a você, que chegou até o fim deste texto:
- Escute a si mesma ou a si mesmo. Investigue que pessoas e situações te deixam mais ou menos à vontade para ser quem se é; que sentimentos experimenta quando silencia a contragosto, quando diz algo de forma intempestiva, quando não se sente ouvida por alguém ou quando causa conflitos a partir do que falou. Portanto, escute o que te toca e como isso chega até você.
- Silencie, perceba o que as pessoas dizem, o que elas não dizem. Não é deixar de falar por medo, por querer agradar ou ser aceita, mas sim por respeito, reverência às pessoas, compreensão de novos e outros pontos de vista, percepção do que é relevante ou não dizer quando for se manifestar.
- Pergunte mais. Questione qual sua intenção ao participar ativamente de uma discussão, ao contar histórias de sucesso, ao dar sua opinião. Pergunte para as pessoas se elas querem um conselho, uma sugestão ou apenas sua escuta. Explore perguntas para que a pessoa que te conta algo possa elaborar mais e melhor sua visão, para depois você contribuir, dialogar efetivamente com ela.
Essas são práticas que venho aprendendo e ensinando ao exercitar essa musculatura da escuta. E como despertam sentimentos variados, nos convidam a deixar nosso ego de lado, a percorrer novos caminhos. São exercícios pequenos e grandiosos de boas escutas de si, das outras pessoas e do seu entorno. Assim, conseguimos ter mais visão de contexto e ampliar nossa percepção para expressar de forma autêntica e respeitosa, para adaptar palavras, abordagens e tantas outras estratégias valiosas e, consequentemente, comunicar de forma clara, eficiente e assertiva.
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