Comunicação piora nas empresas e falha pode ser humana
O mundo corporativo se transforma cada vez mais rápido, mas as pessoas não se adaptam na mesma velocidade
comunicação sempre foi um desafio nas empresas, mas no pós-pandemia a questão se agravou. A adoção em maior escala do trabalho híbrido, com parte das equipes atuando à distância, trouxe mudanças na forma como os profissionais interagem — mas esse não é o problema, já que temos tecnologias suficientemente avançadas para manter o entrosamento online. A falha aqui é humana.
O cara a cara tem grandes vantagens, claro, e uma delas é a maior facilidade de entender e ser entendido durante uma conversa. No presencial, os sinais não verbais, como o olhar, o sorriso, o tom de voz, a linguagem do corpo que a tela não mostra, são tão eficientes quanto as palavras, senão mais importantes do que elas. A questão é que o híbrido veio para ficar, e é preciso aprender a ter eficiência nesse modelo também.
Uma das principais críticas à comunicação digital é a suposta diminuição no engajamento atribuída à distância entre os profissionais. Mas uma pesquisa da consultoria Gartner mostra que a proximidade emocional, e não a física, é mais eficaz no fortalecimento de laços com o trabalho e os colegas. E é aqui que o negócio desanda.
Criar conexão emocional exige que as pessoas, principalmente as lideranças, desenvolvam — e demonstrem — empatia, confiança e escuta. Mas o que se vê segue no caminho contrário. Tem CEO que determina a volta ao presencial para que os funcionários “parem de fingir que trabalham” e só muda de ideia quando precisa fechar escritórios para cortar despesas com os espaços físicos. Está aí o Elon Musk, que não nos deixa mentir.
A real é que faltam processos estruturados e claros que permitam a fluidez e o entendimento do trabalho em qualquer nível e modelo de atuação. Diálogos ríspidos tomaram o lugar de conversas antes amigáveis, gestores se mostram inacessíveis no ambiente online… Se essas não são boas práticas no presencial, por que ganham terreno no remoto? Porque o mundo corporativo se transforma cada vez mais rápido, mas as pessoas não se adaptam na mesma velocidade.
Este texto faz parte da edição 84 (fevereiro/março) de VOCÊ RH. Clique aqui para se tornar nosso assinante